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ALPHA, A GERAÇÃO HIPERCONECTADA E A EDUCAÇÃO EMOCIONAL

Beatriz Lopes Zanbello

Universidade Cesumar


Fernanda Ferdinandi

Universidade Cesumar


Ana Paula Borges Castardo

Universidade Cesumar


Rute Grossi-Milani

Universidade Cesumar


Regiane da Silva Macuch

1

Centro Universitário de Maringá - Unicesumar



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Resumo:


A denominada Geração Alpha é constituída por todos os cidadãos nascidos a partir do ano de 2010. Estudos afirmam que esta geração é a primeira 100% tecnoló- gica e hiperconectada, no entanto, apesar de todas as tecnologias oferecidas, a mesma carece de habilidades socioemocionais. Para que a aprendizagem de habili- dades socioemocionais ocorra entre jovens, é preciso que a mesma seja estimulada. Nesse sentido, a edu- cação socioemocional visa desenvolver competências e habilidades que promovam pessoas aptas e confiantes para lidar com frustrações, medos e angústias. Assim, este artigo tem por objetivo discutir sobre a educação socioemocional dos indivíduos da geração alpha fren- te ao mundo cada vez mais tecnológico. A metodologia utilizada enquadra-se como artigo de reflexão teórica, por meio de revisão bibliográfica. Como resultados con- cluiu-se que essa geração necessita de educação plena e humanizadora. Para isso, a necessidade de educar emocionalmente necessita de um enfoque integrado.


Palavras-chave:

Geração Alpha, Hiperconexão, Habilidades Socioemocionais.


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DATA DE RECEÇÃO: 15/09/2021

2

DATA DE ACEITAÇÃO: 15/11/2021

Abstract:


The so-called Alpha Generation is made up of all citi- zens born after 2010. Studies claim that this generation is the first 100% technological and hyperconnected, however, despite all the technologies offered, it lacks socio-emotional skills. For the learning of social-emo- tional skills to occur among young people, it needs to be encouraged. In this sense, socio-emotional educa- tion aims to develop skills and abilities that promote capable and confident people to deal with frustrations, fears and anxieties. Thus, this article aims to discuss the socio-emotional education of individuals from the alpha generation in an increasingly technological world. The methodology used fits into an article of the- oretical reflection, through a literature review on the subject. As a result, it was concluded that this gener- ation needs full and humanizing education. For this, the need to educate emotionally needs to focus in an integrated way.


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Keywords:

Alpha Generation, Hyperconnection, Socioemotional Skills.


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Introdução

Ao longo da história sempre houve períodos de gran- des transformações, mas o atual avanço científico e tecnológico tem influenciado de maneira irreversí- vel a vida do ser humano. Os rápidos avanços em tecnologia nos diversos campos da ciência têm leva- do a profundas distinções entre gerações.

A primeira geração que nasceu 100% tecnológica e hiperconectada está sendo impactada pela presença massiva das tecnologias digitais. Denominada Ge- ração Alpha, envolve todas as crianças que nasceram a partir do ano de 2010 (Mccrindle, 2015). Geração de pensamentos e habilidades mais aceleradas que as gerações anteriores, nasceu em contato direto com as telas ou ecrãs e vem sendo formada por meio do mundo virtualizado.

É a primeira geração que apresenta necessidade extrema de mudanças no sistema escolar, uma vez que o ensino tradicional não contempla as deman- das atuais desse grupo de pessoas. A educação até então focou em saberes fragmentados, conectados com memorização e repetição de conteúdos. Provas, testes, problemas e exercícios podem gerar nota, mas não guiarão o aluno Alpha em seu desenvolvi- mento integral e com competências para os desafios do século XXI.

Um desses desafios diz respeito às competências so- cioemocionais. O mundo atual exige criatividade, inovação, assim, a educação precisa ultrapassar bar- reiras para incorporar estratégias pedagógicas condi- zentes com a formação desse novo sujeito. A educa- ção socioemocional precisa ser ofertada objetivando a promoção constante do exercício de compreensão dos sentimentos para que os sujeitos criem repertó- rios para lidar com as emoções de si e do outro.

Atitudes e habilidades de controle emotivo são a base da educação socioemocional. Mas como promo- ver tais competências em um mundo hiperconecta- do e de pouca interação social presencial, principal- mente, em tempos de pandemia?

Na intenção de responder a essa pergunta, este ar- tigo trata-se de um trabalho de reflexão, focando na compreensão desse sujeito da geração ALPHA hi- perconectada e em como a educação emocional, por meio da escola, pode contribuir para a formação do cidadão do século XXI.

Procedimentos de Pesquisa

Teórica

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Este artigo apresenta uma reflexão teórica tendo por base produções científicas sobre a temática educação emocional e geração alpha por meio da busca por material nas seguintes bases de dados: Portal de Periódicos Capes (Coordenação de Aperfei- çoamento de Pessoal em Nível Superior), Biblioteca Scielo (Scientific Electronic Library Online), Goo- gle Acadêmico, Biblioteca Digital da Unicesumar (BDU) e Portal Lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde). A busca ocorreu por meio de palavras-chave como: Geração Alpha, Hiperconexão, Habilidades Socioe- mocionais. Levou-se também em consideração os dados da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) para análise de informações sobre a temática como saúde mental, tecnologias, comportamentos, an- siedade e depressão.


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Discussão e Reflexão Teórica

Quem são os sujeitos hiperconectados?

Alpha é a primeira letra do alfabeto grego e possui significado de início. Os Alphas são sujeitos que nasceram a partir do ano de 2010 cercados por tec- nologias e que estão estimulados vinte quatro horas por dia, por jogos, vídeos, redes sociais, aplicativos, entre outras tecnologias digitais. Segundo McCrin- dle e Fell (2021), a geração Alpha é:


nascida e moldada totalmente no século 21, e a pri- meira geração que veremos em números recordes no século 22 também. Eles estão logados e conectados, são conhecidos como “nativos digitais”. Eles são a geração mais dotada materialmente e tecnologica- mente alfabetizada que já agraciou o planeta (Mc- crindle e Fell, 2021)


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Os referidos autores consideram que esta geração inicia um novo ciclo da vida humana, é a primeira geração nascida no século XXI. Sujeitos imersos em tecnologia, são capazes de usar e manipular conteú- dos do ciberespaço de maneira autônoma e indepen- dente (Camboim e Barros, 2010). Por serem nativos digitais, recebem excesso de estimulação sensorial, no entanto, pouquíssima educação emocional.

Filhos da Geração Y ou daqueles nascidos entre 1980 e 1995, uma das características dos Alphas são os contextos familiares menores, com famílias de ape- nas um filho. Assim, as rotinas das famílias costu- mam ter um ritmo mais acelerado e sobrecarrega- das de atividades e de hiperconexão1, passada de pai para filho (Silva, 2019, p. 29).

Durante muito tempo a criação dos filhos era res- ponsabilidade dos pais, a partir da revolução indus- trial, esses saíram para trabalhar fora do contexto doméstico e a educação acabou sendo terceirizada. Nesse sentido, nos dias atuais, a própria sociedade e a infraestrutura das cidades contemporâneas não permitem às crianças explorarem a natureza, brin- car na rua ou interagir com outras crianças de for- ma livre, espontânea e sem supervisão. Hoje, são as telas/ecrãs que educam, brincar na natureza ou em lugares públicos, tornou-se mais restrito e os mes-

mos tornaram-se a principal cuidadora das crianças (Marturano, 2006, p. 498).


Hiperconectividade: prejuízos ou benefícios? Um dos problemas da hiperconexão é o isolamento social, uma vez que ela tira o foco do aqui e agora. Tudo parece ser urgente, e isso faz com que as pes- soas tenham acesso à grande quantidade de infor- mações porque sentem que, se não o fizerem, estão perdendo algo importante.

Sobre tal, o físico espanhol Alfons Cornellá em 1996 criou o termo infointoxicação, sendo a junção de in- formação e intoxicação. Nesse contexto, dispersão, estresse e ansiedade aparecem com destaque (Maya, Castro e Amaral, 2020). A expressão FoMo (Fear of Missing out) representa o medo de perder as atua- lizações e postagens recentes, gerando compulsão pela checagem constante das redes sociais digitais (Peralta, 2018).

Desse modo, a dependência das redes sociais digi- tais pode ser tão ou mais viciante que o uso de ci- garro e álcool (Rsph, 2017), entre outros prejuízos. O aumento de problemas nos relacionamentos está relacionado com o impacto relativo ao tempo que as pessoas dedicam às redes sociais digitais (Elphins- ton, 2011, p. 634).

Para detectar a hiperconexão, sinais frequentes podem ser identificados, como: a) necessidade de saber o que ocorre na internet; b) ansiedade cons- tante quanto ao número de pessoas que o acompa- nham nas redes sociais digitais, ou quando alguém o exclui de seus contatos; c) alta irritabilidade e an- siedade quando não pode ter acesso ao celular/tele- móvel ou computador; d) diminuição das relações e atividades no mundo real; deixar compromissos pessoais e profissionais para ficar na internet; e) manter-se conectado o tempo todo e, f) mentir sobre o tempo que passa conectado para evitar críticas (Sá, 2019, pp. 46-52).

Geralmente o sujeito hiperconectado estabelece comparação do próprio corpo com imagens ideali- zadas e editadas na Internet. Essa comparação in- fluencia o aumento da prevalência de transtornos alimentares, como bulimia e anorexia (Holland e Tiggemann, 2016).

Outro aspecto a ser salientado diz respeito ao apare- cimento do cyberbullying. Esse pode ser caracteriza- do como prática ou recebimento de atos de violência


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1 – Hiperconexão é um termo que não está oficialmente definido nos dicionários brasileiros, no entanto, especialistas como Amaral (2015) e Young; Abreu (2018) referem-

-se a hiperconectividade como o ato da pessoa estar conectada o tempo todo a algum dispositivo tecnológico, como smartphones, notebooks, computador, entre outras opções.

física e psicológica de forma repetida e intencional pela internet (Brewer; Kerslake, 2015). Muitas crian- ças e jovens sofrem cyberbullying e não comentam, isso requer atenção e cuidado, pois na tentativa de se livrarem da dor pela agressão virtual, muitos podem desenvolver ideações suicidas (Maidel e Vieira, 2015). Ainda em relação à hiperconexão de crianças, Stron- ge et al. (2015) reportam efeitos negativos como au- mento de ansiedade e depressão. Estes efeitos pro- vocam dificuldades para dormir, se divertir, estudar e focar; piora da qualidade do sono, aumento do cansaço crônico e piora da satisfação com a imagem corporal.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBG, 2020) des- taca alguns alertas sobre o uso excessivo de tecno- logias digitais por crianças, conforme no Quadro 1.


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Quadro 1: Impacto na saúde das crianças pelo uso excessivo de tecnologias digitais de comunicação e informação (SBP, 2020).


Desse modo, as tecnologias digitais em excesso ofe- recem riscos às crianças pela falta de maturação neurológica, social e emocional (Velho, 2017, p. 122). Portanto, para a geração Alpha, fatores cruciais que envolvem a conexão digital devem focar no que é de- nominado alfabetização para meios de comunicação digital (literacia digital) e na mediação parental.


A Alfabetização Midiática e Informacional reconhe- ce o papel fundamental da informação e das redes sociais em nosso dia a dia. Está no centro da liberda- de de expressão e informação, já que empodera cida- dãos a compreender as funções da ms redes sociais e outros provedores de informação, a avaliar critica- mente seus conteúdos e, como usuários e produto- res de informação e de conteúdos de redes sociais, a tomar decisões com base nas informações disponí- veis (Unesco, 2014, p.11).


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A geração Alpha necessita de tecnologias em seu dia a dia, no entanto, também é preciso saber mediar os benefícios dessa conectividade, competência essa, que pode ser desenvolvida pela educação básica, ou seja, a tecnologia oportuniza uma possibilidade de acesso às informações e trocas de experiências, com base nisso, é possível explorar vários conteúdos, in- clusive a segurança digital (Maslen e Lupton, 2018; Ridout e Campbell, 2018). A formação de comunida- des online para apoio emocional pode ser salientada como facilitação na comunicação de sentimentos e na formação da identidade, entre outros benefícios (Wiederhold, 2013; Eckert et al., 2017). No entanto, esses benefícios geralmente voltam-se para a popula- ção adulta, isto é, se a mesma souber tirar proveito.


Literacia digital e educação emocional da Geração Alpha

A geração Alpha necessita de uma educação que fo- mente a formação integral do sujeito, isto inclui a literacia digital e a educação emocional, para além da mediação parental diante do mundo cada vez mais conectado de forma digital. Para Maurício (2009, pp. 54-55), conselheira da Fundação Darcy Ribeiro, a educação integral “reconhece a pessoa como um todo e não como um ser fragmentado (...) essa integralidade se constrói através de linguagens diversas, em variadas atividades e circunstâncias (Maurício, 2009, pp. 54-55).

Assim, para abordar a ideia de educação emocional por meio da escola, em especial, em tempos de pan- demia é preciso reconhecer os conceitos de inteli-

gência emocional, competência emocional e educação emocional, principalmente porque existem distinções entre eles que, muitas vezes, podem ser confundidas. Os psicólogos Salovey e Mayer, pioneiros na temá- tica, nos anos de 1990, definiram Inteligência Emo- cional como conjunto de habilidades na gerência de sentimentos e emoções, bem como a capacidade de valorizar, perceber, expressar, compreender, regu- lar e acessar as mesmas (Salovey e Mayer, 1990). A inteligência emocional ocorre por meio de quatro fases: 1) percepção das emoções; 2) integração emo- cional: quando emoções entram no sistema cogniti- vo; 3) compreensão emocional, a necessidade de se compreender o que sente e, 4) regulação emocional (Mayer, Caruso e Salovey, 2000).

Já a competência emocional coloca ênfase na inte- ração entre pessoa e ambiente, conferindo maior importância à aprendizagem e ao desenvolvimento. Portanto, com aplicações psicoeducativas imediatas (Bisquerra e Pérez-Escoda, 2007). Salovey e Sluyter (1997) destacaram que as dimensões básicas das competências emocionais são autoconsciência emo- cional, gerenciamento de emoções, automotivação, empatia e habilidades sociais.

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Quanto ao constructo educação emocional, o mes- mo corresponde a um processo educativo contínuo que pretende potencializar o desenvolvimento de competências socioemocionais (Bisquerra, 2012). A educação emocional tem como elemento essencial o desenvolvimento integral da pessoa.

O ser humano, quando emocionalmente educado, é capaz de lidar com suas emoções e criar maior quali- dade de vida para si e para seu contexto. Tal educa- ção propicia criar amplitude nas relações intrapes- soais e interpessoais, possibilitando melhor gestão das emoções para viver em sociedade. O conceito da educação socioemocional surgiu em 1990 (Salovey e Mayer, 1990), mas sua importância ganhou desta- que com Daniel Goleman em meados de 2001:


O domínio no campo emocional é difícil porque as aptidões precisam ser adquiridas exatamente no momento em que as pessoas em geral estão menos capazes de receber nova informação e aprender no- vos hábitos de resposta — quando estão perturba- das. Treiná-las nesses momentos de ajuda é essen- cial (Goleman, 2001, p. 280).


Desse modo, a educação socioemocional contempla 5 competências, conforme o Programa Colaborativo para a aprendizagem acadêmica, social e emocional (CASEL): 1) Au-

toconsciência (compreensão das emoções); 2) Autogestão: ha- bilidade de regular emoções; 3) Consciência social: respeitar culturas e origens; 4) Manter relacionamentos saudáveis e dura- douros e, 5) Tomada de decisão responsável (Casel, 2020) Importante destacar que todos os autores até aqui re- feridos destacam que a escola é responsável, junto com pais e responsáveis das crianças, por desenvolver competências socioemocionais, que estão ligadas ao desempenho do aluno não só no contexto escolar, mas para a vida em sociedade. As emoções podem auxiliar ou impedir o processo de aprendizagem, uma vez que os processos emocionais e socioemocionais afetam o aprendizado; já que não se aprende sem emoção.

Nesse contexto, a Sociedade Brasileira de Pediatria re- força recomendações sobre a promoção da saúde men- tal das crianças.


Quadro 2: Recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria para a promoção de saúde mental de crianças (SBP, 2020).



Uma das principais ações de docentes, em especial em tempos de pandemia, tem sido conseguir trans- mitir conteúdos mínimos para aprendizagem esco- lar e oferecer assistência emocional aos alunos. Des- se modo, para promover a saúde mental e emocional de crianças e adolescentes em sala de aula remota, é preciso planejar e estudar ainda mais para se atingir os objetivos de ensino voltados para a aprendizagem dos alunos? Como o docente se apropria das novas metodologias e tecnologias para integrar o aluno à sua aprendizagem?

Mas será mesmo que o professor deve trabalhar as questões emocionais com crianças e adolescentes em contexto de sala de aula presencial e virtual?

Sim, ele precisa! e uma das estratégias para tal con- siste em manter relacionamentos e interações com os alunos, mesmo em contexto remoto. O professor pode criar metodologias para que os alunos participem e in- terajam, podem ser salas de chat online, para conver- sar sobre aspectos emocionais e dificuldades com o en- sino, por exemplo. Nessas, a ideia é ouvir e reconhecer as dificuldades das crianças para a busca de soluções em conjunto com pais e outros profissionais.

Exercícios de meditação e respiração ou atividades de autoconhecimento em aula podem promover paz, cal- ma, harmonia e relaxamento para as crianças. Diálo- gos em grupo sobre temas como ansiedade, depressão e suicídio podem promover exercício constante para o autoconhecimento e apoio emocional, tanto para as crianças como para os pais (Possebon, 2018, p. 56).

Outra estratégia, são trabalhos em grupo que envol- vem interações entre alunos-alunos e alunos-pro- fessores. Grupos de discussão online para os alunos interagirem além dos conteúdos do currículo podem fornecer oportunidades para construírem confiança, sincronia, apoio e sintonia nos relacionamentos com colegas, em interações semelhantes ao que experi- mentariam na escola presencial (Pitts, 2020, p.1).

Atividades autorreflexivas, auxiliam na identificação dos sentimentos, uma vez que alunos que apresentam ansiedade e estresse possuem dificuldades de concen- tração, o que pode gerar frustração pelo trabalho es- colar. Essas atividades podem ser tratadas de manei- ra interdisciplinar nas aulas, como escrita de cartas, confessionários e diários porque oportunizam o com- partilhamento de sentimentos.

O professor pode ainda propor atividades de autor- regulação, que possibilitam meios para que o aluno identifique sentimentos e construa habilidades e re- pertórios para lidar com esses sentimentos. Conver- sas e debates sobre diversidade e empatia são cruciais para o desenvolvimento de competências emocionais (Alzina, González e Navarro, 2015, p. 61).

E, diante do contexto pandêmico causado pelo Coro- navírus SARS-CoV-2, apoiar as famílias sobre a com- preensão do ensino remoto e suas dificuldades se tor- nou premente. Com isso, o sistema escolar está crian- do oportunidades para que as crianças desenvolvam e aprendam sobre como desenvolver suas habilidades socioemocionais (Gonçalves e Miranda, 2020).

Considerações Finais

A Geração Alpha, por nascer conectada digitalmente, possui necessidade imediata de construção de habi- lidades tanto emocionais, quanto de educação para os meios digitais. A tecnologia está presente na vida desses jovens e esses têm necessitado dessa conectivi- dade para seu aprendizado escolar. A escola não pode esquecer que sua função é educar e alfabetizar para o mundo, portanto, necessita promover mais do que informação, precisa trabalhar com aspectos emocio- nais, para que assim, assegure maior segurança tec- nológica aos jovens hiperconectados.

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As emoções estão diretamente ligadas ao su- cesso do aprendiz, não apenas no contexto escolar, mas como cidadão, visto que o mundo, para além da força de trabalho, precisa de sujeitos emocionalmen- te educados. O ser humano age conforme suas emo- ções, sendo que essas podem potencializar ou não seu aprendizado. Desse modpo, a escola precisa promover o desenvolvimento de competências emocionais aos alunos. Desse modo, educação emocional na escola, além de formar jovens com habilidades para o mun- do tecnológico, promove competências para acessar, compreender, expressar, regular e gerir sentimentos e emoções.

A geração Alpha necessita de educação plena e huma- nizadora e, diante da pandemia, a educação socioe- mocional torna-se a chave para o desenvolvimento do aluno-cidadão capaz de conviver em sociedade. A educação socioemocional pode promover sujeitos que respeitem diversidades, saibam lidar e compreender sentimentos alheios, desenvolver autogestão, tomada de decisão responsável e solidariedade. A pandemia não acabou e, nesse contexto, a educação se reinventa para cumprir sua função social, que é educar. Nesse sentido, promover educação socioemocional na escola é criar formas para os jovens vivam em contextos com- plexos incertos que geram vulnerabilidades.


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