Ensinar e aprender História no século XXI – desafios e potencialidades
Indo ao encontro daquilo que autores clássicos da epistemologia da História como Michel de Certeau ou Henry Marrou mostraram, a abordagem da História no Ensino Básico e Secundário, pela sua dimensão humanista por excelência, pode e deve ser perspetivada como uma oportunidade para os alunos sentirem e viverem a experiência do Outro. A importância de aprender História não se fica, contudo, por aqui. Benedetto Croce escreveu que “toda a historiografia é história contemporânea”, esclarecendo Fernando Catroga que isso ocorre “não pelo facto de a História ter como objecto o ‘tempo presente’, mas devido à circunstância de ser o ‘presente’ o foco das retrospetivas, incluindo aquele que ainda não há muito era só futuro” (Catroga, O valor epistemológico da História da História, 2010, p. 39). Estes pressupostos epistemológicos ajudaram a sustentar a ideia de que estas perspetivas não podem, nem devem, ser esquecidas e/ou dissociadas quando se procede à transposição didática do saber histórico na sala de aula. Sublinha-se, assim, a importância da História como um instrumento fundamental na construção do futuro dos jovens, conscientes de que qualquer intervenção simplista e intuitiva, feita à margem da reflexão epistemológica,mais do que promover a compreensão histórica e a compreensão da Alteridade, podem redundar em abordagens que transportam consigo imponderabilidades e eventualmente podem provocar generalizações caricaturais.
O ensino e a aprendizagem da História contribuem para a formação de uma cidadania ativa e responsável, permitindo que, através de estratégias pedagógicas pensadas, planificadas e não
casuísticas, o aluno possa compreender o mundo em que vive e descentrar-se do seu ponto de vista para analisar criticamente as diferentes visões do problema, ajudando-o com isso a ultrapassar juízos de critérios unidirecionais.
Nesse sentido, são muitas as questões que se apresentam e colocam na atualidade ao professor que leciona História e que devem ser trazidas para o centro do debate. Um debate que se impõe estabelecer entre os responsáveis pela definição do quadro teórico e metodológico específico da investigação académica e a transposição didática em sala de aula.
Convidam-se, assim, todos os interessados a contribuir para este debate, apresentando propostas de artigos sobre o ensino da História nas suas múltiplas vertentes:
— os manuais escolares e os currículos;
— a instrumentalização em História;
— da intenção à prática – investigação e experiências em contexto de sala de aula;
— a inovação pedagógica;
— a formação de professores.
Organização:
Isilda Monteiro, Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti