A Construção escolar de alunos-problemas e seus processos de estigmatização

Autores

  • Edson Soares Gomes Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
  • Rodrigo Rosistolato Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

DOI:

https://doi.org/10.25767/se.v32i1.32028

Palavras-chave:

Alunos-problemas. Estigma. Características depreciativas.

Resumo

Este artigo analisa a construção escolar de “alunos-problema”. Os dados resultam de 17 entrevistas em profundidade realizadas com orientadores educacionais de 16 escolas públicas em uma rede de ensino da Baixada Fluminense do Rio de Janeiro. O principal argumento é que os processos de construção de estudantes estigmatizados englobam a depreciação de aspectos comportamentais associados a 1) questões de gênero; 2) participação da família na escola e condições socioeconômicas; e 3) resultados escolares expressos na defasagem idade/série e baixos resultados acadêmicos. A junção desses componentes resulta na identidade deteriorada de estudantes, o que está na base da produção de “alunos-problemas” enquanto sujeitos estigmatizados. Nesse jogo de interações, aqueles que são estigmatizados como “alunos-problemas” são impedidos de terem sucesso em suas trajetórias escolares. Não se trata somente de reprodução de desigualdades de origem, mas de produção de desigualdades no âmbito das escolas.

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Publicado

2023-12-11

Como Citar

Soares Gomes, E., & Rosistolato, R. (2023). A Construção escolar de alunos-problemas e seus processos de estigmatização. Saber E Educar, 32. https://doi.org/10.25767/se.v32i1.32028

Edição

Secção

Artigos